Olá a todos os leitores! Achei interessante escrever aqui uma abordagem mais aprofundada sobre o funcionamento da democracia grega, e as suas limitações contextuais. Espero que gostem do texto e o achem útil.
Na
"Política" Aristóteles definiu o homem grego como zoon politikòn, um
“animal político”(Política;2001;
Livro III; pág.101). Aristóteles afirmava que a distinção entre gregos e os
outros povos era o fato de viverem em meio a uma forma superior de organização
social e política, chamada de pólis, a cidade grega. A pólis é formada por uma
característica específica, que a diferenciava dos chamados povos bárbaros, ela
é composta por cidadãos que possuíam a aréte politikè. Ou seja, a qualidade que
permitia alternar entre o papel de governo e governado nas instituições
políticas da pólis. Além de participar nas decisões públicas que diziam
respeito a toda a comunidade cívica. Para tal ocupação, tinham que ser homens
livres.
Na Grécia antiga, tornar-se um
cidadão estava muito ligado à origem, as condições dos pais e da família onde
havia nascido. O que definia quem poderia ou não se tornar de fato um homem no
sentido político. Isso ocorria tanto nas aristocracias como nas democracias
gregas, essa última impunha um limite numérico para o corpo cívico, cujo o
critério de inclusão era o nascimento. Em Atenas, isso tinha sido sancionado e
uma lei por Péricles, em 451-450 a. C; segundo o qual só os filhos de pais
atenienses é que podiam usufruir do direito de cidadania. Lei essa que foi
restabelecida em 403-402, após o fim da Guerra do Peloponeso. De todo o modo,
para ser cidadão era preciso ter nascido livre, ter participado da efebia, ser
ativo nas assembleias e integrar o exército citadino nas guerras. O cidadão era
também um guerreiro.
Por terem que lutar nas guerras, os
cidadãos tinham que custear seu próprio equipamento. E os recursos para tal
gasto eram retirados de seu rendimento, proveniente das suas terras, comércios
e manufaturas. Ou seja, para ser um cidadão era preciso ir à guerra, mas para fazer
isso você tinha que ter alguma fortuna. O resultado era que a maioria que nada
possuía ficava fora da condição de cidadão pleno, sendo apenas livre, mas
impedido de participar da assembleia. Essa parte da sociedade grega era chamada
de tetes. Tudo muda quando Atenas se volta para a sua expansão marítima, e
passa a necessitar de marinheiros em massa, os recrutados para tal esforço de
guerra serão os tetes, que passam a ser guerreiros, além de homens livres,
estando teoricamente aptos a serem cidadãos.
“Portanto, a natureza do sistema não muda, mas sim a sua abrangência”
(CANFORA, 1994, p.109)
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